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Apresentação - Pré-lançamento do livro "Democracia"


(Fotografia retirada do Museumsinsel - Berlim, Alemanha).



No ano de 2022, estive aqui, na qualidade de organizadora do livro “Minorias”, a falar sobre o orgulho que era, e é, a publicação do nosso primeiro livro. Não só por ser o primeiro livro proveniente de pensamentos e escrita dos alunos do curso de Direito da UNIASSELVI, de Brusque, junto de seus engajados professores, mas por fazer jus à nota máxima no MEC que temos.

Peço licença para fazer a leitura da apresentação da nossa primeira obra:


Sonhar, plantar sementes e colher frutos. Acredito que parte da vida, aquela que vale a pena ser vivida, faz o sujeito, que somos nós, passar por esses verbos. Eu sempre sonhei em criar um grupo de estudos, mas confesso que era muito mais singelo e humilde na minha imaginação.

O esforço dos integrantes, que resultou no Paideia Accademia, fez com que criássemos muito mais que um grupo de estudos, com encontros formidáveis e frequentes, mas um grupo de apoio, de abrigo a causas tão importantes e ajuda ao outro.

O Paideia Accademia é ainda mais. Criamos meios de divulgação de conhecimento e plantamos sementes nos(as) alunos(as), que, inclusive, são de áreas/cursos diferentes. Sementes que geram frutos incríveis!

Todas as vezes que analiso o desenvolvimento de um(a) acadêmico(a), seja na escrita, seja na comunicação, na seriedade cientifica ou até na empatia com os demais, percebo que, por mais singelo que for, esse sonho, cuja semente foi plantada, gerou um fruto que cresce e cresce melhor a cada colheita.

A presente obra, que contou com autoria de integrantes do Paideia Accademia e outros estudiosos, é mais um fruto, que enche o meu coração de alegria ao escrever e ao falar. Queria que as pessoas pudessem sentir a emoção que eu sinto ao ver todo o processo de um sonho, inicialmente, mas só inicialmente meu, sonhado e muito aprimorado com a grandiosa ajuda de todas as pessoas que participam direta ou indiretamente dele.

Queria agradecer também a toda a oportunidade estendida a mim, enquanto organizadora, pela UNIASSELVI, instituição que tenho muito orgulho de integrar, que auxiliou em toda a revisão ortográfica e diagramação dos textos, que servirão de apoio para outros tantos acadêmicos.

Mas, além de muito agradecer, eu gostaria de desejar. Não, tão logo, a colheita dos frutos, mas sim, desejar sonhos e que o coração de vocês vibre por eles. Encontrem pessoas que possam ser, também, abrigo deles e que vocês possam fazer a diferença, mesmo que simples.

Sugiro, ainda, que busquem pessoas com pontos de vista diferentes sobre as sementes que você quer plantar - e que saiba absorver o que é bem. Somente assim, a cada colheita, o seu fruto será aprimorado e os sonhos irão se redesenhar.

Desejo, também, que os leitores fomentem em si, e em pessoas ao redor, zelo para sempre regá-los e que os frutos permitam novos plantios, agora, não só em benefício próprio, porque a vida que vale a pena ser vivida é aquela que também transforma a vida do outro positivamente. E isso, leitores, não tem preço, mas um valor grandioso.


Da leitura da apresentação sobre o livro “Minorias” passo a reflexões sobre tema tão sensível que é a Democracia.

Desde a Grécia Antiga, o acúmulo dos interesses individuais, o instinto belicoso dos seres humanos e o acúmulo de poder, colocam-nos em guerras – declaradas ou silenciosas.

Aquiles, o protagonista de Ilíada, preferiu a guerra à sua cidade. Antes a morte no combate, porque lhe traria notoriedade e heroísmo. A guerra era o expoente até que Atenas começou a se destacar pela filosofia e pela política.

Sem perder batalhas, Alexandre foi chamado de “O Grande”. Júlio César, Hitler e Napoleão foram outros conhecidos nomes que, estrategicamente, buscavam o controle e o domínio do maior número populacional e de território.

Os estudos sobre o poder e a busca por saber, no tempo, trouxeram, já em Aristóteles, a ideia embrionária e aprimorada no Iluminismo francês por Charles Louis de Secondat, o Barão de Montesquieu, sobre tripartição dos poderes com a adoção de um juiz que seria reprodutor das leis.

A democracia, no ambiente pós Grandes Guerras Mundiais, foi o prelúdio e a esperança de dias melhores. A ideia de limitação do poder, de que talentos e recursos dispendidos sob o sacrifício de milhões para justificar a idolatria e o poder pelo poder de poucos não retornaria. O poder corrompe?

No tempo, a democracia foi lapidada à ideia de Três Poderes fortes e independentes, com uma divisão fundamental. No entanto, até hoje e recorrentemente, a democracia é colocada em xeque. Na prática, o Poder Executivo, frequentemente, utiliza de suas funções atípicas e edita medidas provisórias. O Legislativo, ocupa-se com julgamento nas Comissões Parlamentares de Inquérito e o Judiciário, não raro, ordena que o Executivo dispenda valores com educação e saúde à população.

Na Metafísica, Aristóteles escreveu que, uma das maiores contribuições de Sócrates foi aplicar o “pensamento às definições”. Sem definir, portanto, não se sabe o objeto de estudo. Que é, então, democracia?

As regras do jogo democrático são estabelecidas em nossa Constituição, mas parece que parte dos limites – e como é natural dos textos – está à disposição de ensaios e elocubrações acaloradas, com interpretações com fins particulares, utilizando como subterfúgio o bem-comum.

Poucos se alimentam da nossa incapacidade de conviver e tolerar, e somos muitos. Os discursos utilizam e dividem em “nós” e aqueles que pensam “diferente de nós”. Talvez, para conceituar democracia, seja necessário dizer o que ela não é.

A Democracia não é opressão. Quando não há possibilidade de consciência, de diálogo e relação clara sobre a participação de cada um nas regras do jogo, não há Democracia. Sem liberdade de expressão também não há.

Enquanto possibilidade de convivência, conservadores e progressistas são diferentes, mas não desiguais. Homens e mulheres, biologicamente diferentes, mas não desiguais. Negros e brancos, diferentes, não desiguais. A lista é infindável.

A democracia igualmente não é idolatria. O espírito da guerra se alimenta da nossa truculência, da nossa incapacidade de respeitar o outro e da vontade pelo acúmulo de poder, tudo o que a Democracia não representa.

Refletindo, pode ser que a Democracia seja o nosso Prometeu acorrentado. Ao mesmo tempo em que nos trouxe o fogo da esperança, vive entre ataques, crises e recomposições. Pode ser, ainda, que seja um conceito em construção, de modo que, no pensamento socrático, ainda não sabemos o que ela é. Na maiêutica, então, que é democracia?




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